Entrevista com Guga Dias

De um hobby de final de semana à sua profissão.
Da pressão e stress de um ambiente de trabalho à paisagens exóticas e revigorantes.

Assim podemos descrever resumidamente a mudança que o piloto Guga Dias teve em sua vida ao se dedicar ao moto-turismo. O que começou apenas como um passatempo, hoje é seu trabalho e garante que foi a melhor decisão que ele já tomou!

Conheça um pouco mais da vida de Guga Dias, piloto Givi Explorer que já visitou mais de 140 cidades através de 23 Estados brasileiros, 8 países na América do Sul (Paraguai, Bolívia, Peru, Chile, Argentina, Uruguai, Equador e Colômbia), 4 países na Europa (Portugal, Espanha, França e Itália), além de destinos como: Machupicchu, Deserto do Atacama, Lago Titicaca, Linhas de Nasca, Cordilheira dos Andes, Patagônia, Ushuaia, Nordeste Brasileiro, Floresta Amazônica entre outros.

 

  1. MOTO SAVAGES – Como a moto entrou na sua vida?

GUGA DIAS – Em meados de 1986, com apenas treze anos, eu me apaixonei por motos, quando meu vizinho comprou uma TT 125, e me deu aulas de pilotagem.

Me lembro do bem que o vento me fez, muito mais forte que qualquer pedalada de bicicleta me dera até então. Eu não suava e não ficava sem fôlego, e o máximo que me acontecia, era ficar com o cabelo do Elvis Presley depois de algumas voltas no quarteirão.

Meu mundo de criança estava percorrido naquelas poucas quadras, e só duas décadas depois, passado pela faculdade, pelo altar e pela paternidade, que no fim do casamento, decidi mudar de ares e hábitos e comprei a minha primeira moto, uma Viraguinho 250 – isso em agosto de 2007, aos trinta e quatro anos.
Nesta época eu trabalhava na área de TI como Desenvolvedor de Sistemas, então a falta de tempo livre para rodar era uma constante, mas depois que conheci a Elda, começamos a viajar com uma Shadow 600, ainda que roteiros curtos por alguns anos, até nos aventurarmos rumo à Salvador, nossa primeira longa viagem, com 24 dias e 5.600 km.

Ai já viu… o mundão abriu porteira e eu já sabia como interpretar o caminho.

 

  1. MOTO SAVAGES – Quando o lazer virou profissão?

GUGA DIAS – Quando você trabalha com uma coisa que você ama, é como se você não trabalhasse um dia sequer, e era dessa forma que eu me sentia trabalhando com Desenvolvimento e Programação, numa vida louca de workaholic, com dezenas de horas extras para receber, mas estressado, mau humorado, e a poucos passos de enlouquecer.

O que contrabalanceava nesta conta e mantinha o equilíbrio da balança era planejar o próximo feriado ou fim de semana, pegar a motoca e sair.

Em 2007 tínhamos nossos perfis no ORKUT e os sites que falavam de viagens, era focado em mochileiros ou sites vendendo pacotes de avião. Não existia nada para motociclistas, então sem a menor complicação, criei o site do Diário de Motocicleta, mesmo com um ano sobre duas rodas.

Cresci em minha carreira até atingir o cargo de Gerente de Projetos, quando a empresa em que eu atuava quebrou.

Foi minha carta de alforria.

Depois de 8 anos sem férias, parti para estrada, publicando pela primeira vez diretamente da estrada, nosso roteiro até Salvador.
Estas postagens chamaram a atenção do Salão Duas Rodas, que firmou parceria conosco em 2011, na divulgação do evento naquele ano.

A GIVI embarcou nesta aventura e continuou comigo nos anos seguintes.

Com a repercussão destas parcerias, uma concessionária me delegou a missão de realizar passeios e eventos para os seus clientes. E com o contato crescente com outros motociclistas e o sangue de professores correndo nas veias, logo passei a apresentar palestras sobre outros roteiros que se sucederam anualmente.
Nesta salada de duas rodas passei a organizar e guiar motociclistas através de roteiros desejados no Brasil e América Latina, e corri outros países buscando novos conteúdos para o site do Diário de Motocicleta.

Pronto, eu estava 100% envolvido com o motociclismo.

 

 

  1. MOTO SAVAGES – Já passou por várias cilindradas e modelos de motos. Qual a sua preferida?

GUGA DIAS – Tive poucas motos nestes últimos 10 anos… uma Yamaha Virago 250 1997, uma Honda Shadow 600 2001, uma Suzuki V-Strom DL 650 2011 e atualmente a DUCATI Multistrada 1200 2013.
Além dessas, pilotei em testes muitas outras, mais recentemente uma Honda Africa Twin e uma Kawasaki Versys 1000, então dizer qual foi a minha preferida é uma missão quase impossível, pois a mudança não foi apenas de cilindrada, mas de piloto. Eu amadureci muito a cada viagem, passeio e aventura, então aquele cara que viajava de Viraguinho não é o mesmo cara que viaja de DUCATI… é complicado dar preferência ao modelo, se a cada moto eu era e sonhava coisas diferentes no motociclismo.
Penso que cada moto deva atender a um propósito distinto.
Não adianta ter uma moto Off Road se você só vai andar em asfalto num belo dia de Sol. No entanto, nada te impede de dar uma volta ao mundo montado em uma 125. Se o seu propósito é curtir umas dunas com uma moto esportiva, sua determinação já terá faturado metade do jogo.
Eu gosto da linha Big Trail pela autonomia e conforto que oferece para minha mulher – um detalhe pra lá de importante na hora de escolher sua moto de viagens. Se a roda é de liga leve ou raiada, quando acaba a estrada eu continuo do mesmo jeito, o que nos retorna ao propósito, e deixa claro essa questão da moto ideal.

 

 

  1. MOTO SAVAGES – Como é a sua vida hoje? Como você lida com os compromissos e calendário de viagens, passeios guiados e palestras?

 GUGA DIAS – Sempre gostei de planejamentos. Na época da Faculdade eu cuidava de reservas de casas no Litoral Norte, via os caminhos, preços de ônibus, quanto ficaria para cada um… enfim.

Esse modo operante sempre me acompanhou e quando as viagens de moto começaram, me pareceu muito natural fazer planejamento.

Estamos acostumados a planejar viagens com até 8 meses de antecedência, e alguns sonhos, ainda que com planos prontos, acabam entrando em fase de espera, pois ou nos falta maturidade, ou grana.
Então, ter o ano planejado nos permite cumprir um calendário, intercalando viagens solos ou em grupos, passeios e palestras.

 

 

  1. MOTO SAVAGES – Quais os temas e como são suas palestras?

 GUGA DIAS – Olha, ao longo destes anos vários temas entraram na grade de palestras, praticamente cada viagem de longa distância acaba se tornando um descontraído bate papo, onde apresento imagens (fotos e vídeos) sobre o roteiro realizado, recheado de dicas preciosas. Não é incomum amigos assistirem minhas palestras com um bloco de papel e caneta.

O único tema que é mais técnico é aquele referente a Planejamento de Viagens de Moto, onde apresento o meu modo operante na organização de um roteiro, pesquisas e detalhes da viagem.
Acredito que os amigos curtam o bate papo, já que costumam ficar até o final.

 

 

  1. MOTO SAVAGES – Qual a viagem mais inesquecível e qual a que teve mais dificuldades?

 GUGA DIAS – Essa é uma das perguntas mais difíceis que me fazem – qual destino eu mais gostei. Costumo brincar dizendo que para um bom pai, não existe filho feio, e é fato, todos os lugares em que já fui de moto até hoje foram especiais. A emoção de chegar em lugares como Machu Picchu, Ushuaia, Atacama, Europa, não foi diferente dos primeiros rolês de 150 km a bordo de uma Viraguinho. As distâncias aumentam, as motos crescem, mas a paixão é a mesma, o medo do desconhecido é igual.
Quanto a dificuldades, a volta ao redor do Brasil sem sombra de dúvidas foi a mais complexa, principalmente o trecho de Floresta Amazônica – chegar em Manaus navegando e sair pela BR-319, com garupa, bagagem e uma V-Strom 650 não foi tarefa fácil… mas imensamente divertido.

 

 

  1. MOTO SAVAGES – Como foi o convite para ser um GIVI Explorer?

 GUGA DIAS – A GIVI é uma parceira querida a qual devo muito dos meus caminhos a ela. Em 2011, quando o Salão Duas Rodas me contratou pela primeira vez, mudei da Shadow para V-Strom e precisaria comprar todos os baús e ferragens para nossa viagem pelo Caminho do Peabiru. Entrei em contato com a GIVI que me emprestou os equipamentos, e frisou que se o projeto atendesse às expectativas, os mesmos seriam meus.

Não só fiquei com os baús, como no ano seguinte renovamos a parceria para o Ushuaia. Na volta ao redor do Brasil em 2013 mais uma vez a GIVI foi nossa parceira pontual, até que em 2014 assinamos o nosso primeiro contrato anual, já que entendemos que as viagens de longa distância eram apenas uma das atividades realizadas a cada calendário.

Desde então a GIVI segue como minha Patrocinadora Oficial – como a Moto Savages é agora – proporcionando a renovação de informações no site do Diário de Motocicleta, a bonificação de gasolina para os amigos que viajam comigo e possuem produtos GIVI instalados em suas motos, além de me proporcionar momentos inesquecíveis, como na ocasião em que conheci pessoalmente o Sr. Giuseppe Visenzi, fundador da GIVI, quando estive em Bréscia na Itália em 2014.

É sem sombra de dúvida uma grande empresa, com produtos de alta qualidade.

 

  1. MOTO SAVAGES – O que mais você aprendeu nesse tempo de moto-turismo?

GUGA DIAS – Fundamentalmente aprendi que o aprendizado é contínuo sobre duas rodas, jamais devemos nos considerar dominadores de temas, assuntos e principalmente certezas – não existe certo ou errado no motociclismo.

Sempre que posso, cito uma frase do grande motociclista Raphael Karan, que certa vez, em uma palestra disse: — “Não existe heroísmo em andar de motocicleta!” – e é fato, não somos heróis, somos privilegiados.

 

  1. MOTO SAVAGES – Quais dicas você daria para quem se interessa e/ou esta começando nessa aventura de viajar o mundo em cima de uma moto?

 GUGA DIAS – Eu acho que a dica de ouro é começar devagar e de forma constante. Venho ao longo destes anos a frente do Diário de Motocicleta, recebendo roteiros de motociclistas com pouca experiência, que almejam feitos grandes, com distâncias enormes, poucos dias de viagem através de projetos que no fim das contas, farão o piloto passar por vários pontos, sem ao menos conhece-los direito.

É preciso ir com calma, aproveitar o momento, adquirir confiança, aprimorar técnicas de pilotagem, pegar resistência física e principalmente, aprender a ser turista, porque viajar de moto é uma delícia, mas conhecer lugares, pessoas e fatos históricos é que realmente enriquece quem somos.
A moto deve ser um instrumento, não o foco central de uma viagem de moto.

 

 

  1. MOTO SAVAGES – Quais os planos para 2018?

 GUGA DIAS – Além dos grupos de motociclistas que pretendo guiar em roteiros pelo Brasil e América do Sul, pretendo estreitar o contato com os amigos apaixonados por duas rodas, através de bate papos virtuais, e principalmente presenciais, ocasião mais que perfeita para curtir um pouco de estrada em passeios bate & volta, bate & fica e feriados.
Mensalmente discutiremos ao vivo, temas pertinentes a viagens de moto, sanando dúvidas e dando boas ideias aos interessados, com atenção especial aos clientes Moto Savages.

3 comentários em “Entrevista com Guga Dias

  1. João Rosa Responder

    Parabéns excelente entrevista, gostei muito, sou apaixonado por motos também.

    Só não concordo com essa frase abaixo.

    A moto deve ser um instrumento, não o foco central de uma viagem de moto.

    A moto é a vitamina o resto é só paisagem, se eu for com outro meio de transporte a paisagem vai ser a mesma e não vou ter tanta satisfação.

    • administrador Autor do postResponder

      Obrigado pelo prestígio!
      Fique ligado que em breve o Guga estará por aqui na Moto Savages apresentando suas palestras e batendo um papo com nossos clientes especiais, assim como você!

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